Mentalidade de jovens tenistas

|outubro 22nd, 2021|Jovens tenistas|

Aqui na INNI a gente adora compartilhar dicas de filmes sobre o nosso esporte favorito. Em uma de nossas conversas, um membro da equipe recomendou o documentário original da Netflix “Untold: Federer x Fish”.

Se você ainda não assistiu, vale a pena! Mas, não vamos te dar spoiler! Adiantamos apenas que o filme traz um emocionante depoimento do tenista americano já aposentado Mardy Fish, ex-top 14° do mundo e no 1° dos Estados Unidos.    

Após captar a mensagem que Fish transmite, ficamos refletindo como foi corajoso em pleno 2012 e no auge da carreira ele falar sobre um assunto que atletas de alto rendimento costumam guardar para si, o da saúde mental.

Cortando para 2021, uma coisa que nos demos conta é que a temática do filme voltou a ser comentada este ano especialmente por jovens tenistas como Naomi Osaka, 8° do mundo e Emma Raducanu, 24°.

Então, nos perguntamos como as novas gerações de tenistas têm lidado com as próprias emoções e tivemos a ideia de conversar com os atletas apoiados pela INNI.

Para quem não sabe, a marca de bolinhas de tênis mais brasileira do mercado sonha o futuro com quatro jovens tenistas, Davi Carlos, João Otávio, Rodrigo Filho e Letícia Marangoni. De diferentes cidades, cada um deles treina diariamente com muita dedicação e foco, acumulando títulos importantes mesmo que para a pouca idade.



Como trabalhar as emoções

De família tenista, João Otávio tem 12 anos e é de Paraguaçu Paulista/SP. Desde muito novo ele conhece o caminho das quadras e exige bastante de si mesmo. Está aprendendo a controlar o seu mental. “Eu procuro me acalmar em horas difíceis no jogo, às vezes não consigo, sempre no jogo terá uma pressão e é preciso saber lidar. Para me acalmar preciso contar até 10, respirar.”.

Com essa consciência, João está trabalhando a regulação de suas emoções.

O psicólogo e tenista Markus Fourier comenta que hoje, no auxílio a jovens atletas, os profissionais da área de saúde mental têm trabalhado muito com a autorregulação emocional. “Se acalmar. Isso é importante porque a pessoa está sendo tomada por emoções, aquela pressão, medo de perder, vontade de ganhar, uma montanha-russa de emoções que é necessário manejar.”

Como o veterano do nosso time de atletas, o tenista paulistano Davi Carlos, que tem 14 anos, aplica na prática a teoria de Markus e compreende bem a mentalidade de um tenista. “Minha vida de tenista é, como a de todos, cheia de altos e baixos, uma gangorra de tudo, física e emocional.”.

O atleta capixaba Rodrigo Filho também nos contou sua experiência. “Como eu sou um cara muito emotivo, eu tenho que aprender a lidar com a derrota. Se eu sou muito emotivo para o bom, automaticamente eu sou para o ruim. É aí que a gente está trabalhando. Ser para o bom e menos para o ruim. Tem que ter equilíbrio.”.

Rodrigo acredita que lida muito bem com as próprias emoções. Para tanto, conta com a fé em Deus, com o apoio da família e de uma psicóloga esportiva, que inclusive já foi tenista.

Para trabalhar as emoções da melhor maneira, Davi dá a receita. Ele compara a situação como se um tenista estivesse em frente a um espelho, ou seja, a partir do auto enfrentamento. “Qual a melhor forma de nos enfrentarmos?”. Sorrindo, nos perdoando e nos divertindo acima de tudo. Tem que digerir a derrota como uma vitória do aprendizado. Perdi, mas amanhã estarei melhor do que hoje! Respirar e manter a mente quieta!”.



Além da autorregulação de emoções, o que mais

Apesar de atualmente não estar em terapia, João comenta que a psicologia o ajudou a trabalhar o mental. Rodrigo também reconhece a importância da profissional em sua vida de tenista. “Me ajuda absurdamente, no que eu errei, o que eu posso fazer para melhorar, fazer visualização para acertar, entre outras técnicas.”. 

Pelo visto, as novas gerações estão bastante receptivas à psicologia esportiva. Davi, por exemplo, é adepto há 5 anos. Já Letícia Marangoni, nossa representante feminina, embora por enquanto não seja orientada por um profissional da área, também desenvolve em si um processo de regulação. “Eu tento me acalmar bastante antes do jogo, procuro lembrar do que preciso fazer para ganhar, esquecer o que está acontecendo fora da quadra e sempre tento pensar que eu consigo mesmo às vezes sendo bem difícil.”.

 

O aspecto relacional

Markus Fourier sugere outro aspecto para jovens tenistas trabalharem por meio da psicologia. “A gente sabe por pesquisas que atletas que no seu centro de treinamento não conseguem se inserir, não conseguem pertencer, fazer parte dos grupinhos, tendem a ter um desempenho menor. Então, tem o aspecto relacional da criação de vínculos entre os atletas para que eles possam entre eles ter uma rede de apoio, de suporte. Para que todo mundo fique com um aspecto psicológico mais tranquilo, que os permita treinar e jogar melhor.”.

Recentemente, Davi Carlos publicou um depoimento em sua rede social sobre a amizade entre tenistas. “Muitos de nossos momentâneos oponentes se tornam, desde que somos muito pequenos, nossos amigos.”.

Markus diz que na busca por alto rendimento abre-se mão de algumas coisas ligadas à saúde mental do esportista. No caso dos adolescentes, que passam pela transição para a vida adulta, com tudo que isso implica, descoberta de si mesmo, da sexualidade, mudança de identidade, onde a socialização e o senso de pertencimento são muito importantes, a psicologia auxilia a organizar os processos de desenvolvimento pessoal e desempenho esportivo. 

 


Fique ligado! A partir da próxima segunda-feira, 24, os nossos atletas, Davi, Rodrigo e Letícia, estarão disputando em Luque, Paraguai, o torneio Asunción Open, organizado pela COSAT – Confederação Sulamericana de Tênis! Os jogos acontecerão até 29 de outubro!

 

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