Por que é preciso falar sobre saúde mental no esporte?

Provavelmente você ouviu falar muito de Naomi Osaka nos últimos dias. Primeiro, porque a tenista se recusou a conceder entrevista à imprensa durante o Grand Slam de Roland Garros, que acontece até dia 13 de junho, e segundo porque devido à repercussão negativa sobre a recusa a atleta desistiu de participar do torneio. 

Para uma tenista jovem com perfil ativista poderíamos especular o abandono como forma de protesto e questionamento às regras impostas pela organização do evento. Mas, Osaka nos surpreendeu! Ao alegar que tem sofrido longos períodos de depressão desde a edição de 2018 do US Open, ocasião em que venceu Serena Williams e ouviu vaias durante a premiação, a nº 2 do ranking mundial acendeu uma discussão sobre saúde mental ao postar um texto em sua rede social.

Dentre os mais variados comentários sobre o caso, chama a atenção aqueles que criticam o posicionamento de Naomi. Há quem acredite que a tenista mais bem paga do mundo fez o que fez em razão de sua conhecida dificuldade no saibro. Outros julgam que devido ao nível da jogadora ela deveria encarar com naturalidade o diálogo com a imprensa. Mas, afinal, porque não acolhemos a justificativa de Osaka e refletimos sobre uma vulnerabilidade a qual os atletas profissionais também estão sujeitos?

Esportes de alto rendimento como o tênis exigem muito do físico e principalmente do psicológico, pois os esportistas devem lidar com suas emoções, sejam elas positivas ou negativas, ausência de uma rede de apoio como, por exemplo, a família, autocobrança e pressões externas vindas do público, dos jornalistas e de patrocinadores, quando é o caso.

Contudo, mesmo diante de tantas demandas emocionais a saúde mental é negligenciada na maioria das vezes. Fomos educados a acreditar que cuidar do emocional é sinônimo de fraqueza e que devemos superar tudo sozinhos. O problema é quando certos desequilíbrios tomam proporções maiores em nossas vidas e nos tiram das “quadras”, como aconteceu com Naomi.

Felizmente a tenista entendeu que deve retirar-se para tratar seu psicológico e isso tem muito valor, pois quando um dos melhores atletas do mundo expõe a sua fragilidade em um dos maiores torneios da modalidade, ele demonstra que não atletas como nós também podem fazer o mesmo e que devemos discutir mais sobre distúrbios, como a depressão e a ansiedade. Atletas não são máquinas, assim como nós também não somos.

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