Por que o tênis na Argentina parece ser mais expressivo que no Brasil?

|abril 1st, 2022|Curiosidades|

O Masters 1000 de Miami está rolando e teve sul-americano fazendo uma campanha brilhante. Estamos falando do tenista Francisco Cerundolo (103°), que até começar a jogar pelo torneio não tinha nenhuma vitória em quadras duras e agora acumula simplesmente cinco. O primeiro argentino que chegou a uma semifinal de Miami desde Juan Del Potro.

Mas por que estamos falando disso? Porque temos recebido perguntas endereçadas ao embaixador da INNI, Gaston Raposo, sobre qual a opinião dele a respeito do tênis argentino e o brasileiro e por qual motivo o esporte parece ser mais expressivo na Argentina.                                                                        

Lógico que após alguns anos morando no nosso país o Gaston topou nos contar sua perspectiva, a qual apresentaremos a seguir em tópicos para você. Lembrando que a intenção não é apontar melhor ou pior, mas refletirmos juntos o mecanismo do nosso esporte favorito! Bora?

 

  1. Diferença cultural entre os dois países

“O que eu percebo no Brasil é que o apoio vem quando determinado esporte está em alta, quando aparece alguém com novidades, ganhando uma medalha ou coisa assim. Já na Argentina, o que eu vejo é uma sociedade mais apoiadora do esporte como um todo, independente de modalidade ou de nível. Há uma união, seja qual for o tamanho da liga ou da pessoa que está competindo. Ou seja, não acompanham só na vitória ou quando alguém fica em evidência porque teve uma boa semana.”.

 

  1. Incentivo

“Mesmo com todas as atitudes ruins e barbaridades de alguns maus governantes, na Argentina tem programas de incentivo a todos os tipos de esportes. Nas escolas de lá, por exemplo, isso é algo muito forte. Uma coisa que eu desconheço aqui no Brasil são ligas intercolegiais, onde tanto o ensino médio como o fundamental tenham ligas esportivas com competições anuais, desde o nível de bairro até nacional, seja no atletismo, no tênis, no futebol, no handebol, em todas as modalidades esportivas. Tudo isso contribui para que o esporte, não só o tênis, seja fomentado como um todo.”.

 

  1. Quadras

“No tênis, acho que desde a época do Guillermo Vilas, criou-se uma cultura muito forte. Construíram muitas quadras na Argentina naquela época. Lá há muito mais quadras de tênis que no Brasil. E aí você vê o tamanho de um país e o tamanho do outro. Talvez só Buenos Aires tenha metade das quadras do Brasil inteiro.”.

 

  1. Treinadores

“Outra coisa é que quando os tenistas argentinos se aposentam, a grande maioria fica no país para treinar novos jogadores e formar professores. Muitos deles deixam de ir ao exterior para ganhar dinheiro. É toda uma cultura de apoio, de ajuda, de viajar juntos, de formar turmas, de fazer giras para a Europa. Há uma unidade, é só pensar quantos brasileiros fizeram ascensão da carreira com treinadores argentinos. Foi o caso dos dois melhores tenistas brasileiros”.

 

  1. Autonomia dos atletas desde cedo

“Uma coisa que me surpreendeu muito no Brasil foi ver tantos pais presentes nos torneios. Não estou falando que é ruim, mas a questão é que esses pais interferem de uma forma nem sempre benéfica, pois com as melhores intenções acabam na maioria das vezes atrapalhando ao querem dominar e ser donos da carreira dos filhos. Nos torneios da Argentina é muito difícil vê-los. Desde muito cedo o tenista argentino aprende a se virar, pegar experiência e tudo isso eu acredito que faz diferença no crescimento e na maturidade do atleta.”

 

  1. Acessibilidade

“Além de quadras públicas, os clubes são mais abertos na Argentina. Há mais facilidade de fazer aulas. Poucos clubes no Brasil permitem isso.”.

O Gaston nos deu muito o que pensar, não? Mas, e aí? Vamos trabalhar duro para desenvolver mais o tênis aqui no Brasil ou vamos ficar só olhando os argentinos representando nas finais dos grandes eventos esportivos? 

 

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