Neste mesmo mês, há 53 anos, o mundo conheceu o primeiro vencedor do US Open numa edição que marcava o início das disputas profissionais do torneio. Por si só, essa já seria uma edição histórica, mas, para além disso, o campeão daquele ano não foi uma pessoa qualquer, foi Arthur Ashe. Um afro-americano.

O título é considerado até hoje icônico não somente pela competência de Ashe em quadra, mas por tudo o que a vitória de um negro num dos mais importantes torneios de tênis, esporte considerado elitista, representou culturalmente em pleno 1968, ano em que aconteceu o assassinato de Martin Luther King. 

Quando ganhou o US Open, Arthur Ashe tinha apenas 25 anos. Pouco tempo depois, ele venceu no simples mais dois torneios de Grand Slam, o Australian Open, 1970, e Wimbledon, 1975. O tenista também foi campeão na quadra de saibro de Roland Garros, 1971, mas na categoria de duplas com o americano Marty Riessen.

A jornada esportista de Ashe sempre foi combinada com sua visão política. Em defesa dos direitos dos tenistas, ele foi um dos responsáveis pela criação da Associação de Profissionais de Tênis (ATP). 

No esporte, no que diz respeito a direitos, sem dúvidas seu trabalho mais importante foi o combate ao racismo. Ashe não mediu esforços para lutar contra a segregação racial. Um exemplo disso foi quando ele exigiu em um importante torneio de tênis da África do Sul, que na década de 70 vivia em regime de Apartheid, que no espaço em que aconteceriam os jogos não houvesse assentos separando espectadores brancos e negros. 

Mesmo depois de se aposentar do tênis, ele continuou a lutar pelo o que acreditava. Nos Estados Unidos, foi preso em protestos contra o Apartheid, 1985, e a favor de refugiados do Haiti, 1992. 

Além disso, quando soube que havia contraído o vírus da AIDS devido a uma transfusão de sangue realizada em uma das duas cirurgias cardíacas pelas quais passou, usou seus últimos anos de vida para melhorar outras, disseminando informação sobre a doença e fomentando pesquisas. 

Arthur Ashe foi campeão em tudo. Ele fez dos princípios do esporte uma maneira de fazer do mundo um lugar melhor. Não é à toa que a quadra principal do US Open leva seu nome.

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