Gabriela Cé: minha evolução na carreira e na Billie Jean King Cup
É muito especial jogar a Billie Jean King Cup. Eu amo representar a pátria. Ter um time, uma semana em equipe, uma ajudando a outra, tirando seu ego individual do centro e colocando o time antes de mais nada. É uma experiência diferente pra gente que joga sozinha o ano inteiro. Nos engrandece muito como ser humano e consequentemente como atletas. É uma semana que não existe Gabriela Cé, não existe Bia Haddad, não existe Laura Pigossi, Carol Meligeni ou Rebeca Pereira. É a equipe, é o time!
Mas nem sempre foi assim. No início eu sofri bastante. Chorava, ficava emburrada. Sofria muito quando não jogava, era tipo uma derrota para mim. Acho que talvez eu não tenha sido ensinada da melhor forma ou da maneira que fosse saudável, porque lembro que sofria nas primeiras edições, até ali, sei lá, 2018.
Hoje eu olho e dou risada. Eu acho que eu tinha muita dificuldade para entender que não tinha a ver comigo não estar em quadra. A pessoa que sou hoje entende que tem que buscar usufruir e aprender com a experiência. Faz parte um pouco da humildade e da simplicidade que a gente vai aprendendo a ter ao longo da vida.
Inclusive, nós teremos duas juvenis conosco essa semana. Vou tentar ajudar e passar toda experiência que eu tiver chance: “nunca pense que tu é tu e eu sou eu. Não pensa assim. Pensa o que vai ser melhor para o time!”. Eu adoro participar, senão diretamente na quadra, ajudando, me colocando sempre à disposição para conversar. Temos um objetivo em comum que é classificar o Brasil. Representá-lo da maneira mais profissional e melhor possível.
O fundamental é focarmos no nosso objetivo e muito mais na gente, no nosso jogo, nas coisas que a gente se propõe dentro da quadra de tênis, isso eu digo independente de qual tenista for jogar. Acreditar no que a gente faz e colocarmos isso em prática, buscando aprender uma com a outra.
Temos na equipe a Bia Haddad que é top 50 na WTA. Eu pelo menos vou buscar aprender muito com ela e observar o que ela faz de diferente. Acho que isso é muito bom para nos inspirar a buscar voos mais altos e também na questão da confiança.
A diferença de quando eu comecei para hoje em dia é que se pensava muito pequeno. As gurias eram muito mesquinhas. Acho que o progresso que o tênis feminino brasileiro teve nos últimos anos é fruto da resiliência e profissionalismo de cada uma com as suas respectivas equipes e trabalhos. Isso é só uma demonstração do quanto pensar grande e focar no seu próprio caminho faz com que tu realmente vá construindo uma trajetória e evoluindo de fato.
Todas as tenistas que nós temos hoje são essas pessoas que pensam grande. E daí, sendo essas pessoas, não tem como não ser uma espiral para cima. Uma vai puxando a outra e formando um ruído muito positivo.
Com relação a minha carreira, eu andei insatisfeita em fazer as mesmas coisas. Já não tinha mais prazer nisso. Sabia que precisava de uma mudança, só não sabia exatamente qual. Mas entendia que era uma mudança tanto dentro, quanto fora da quadra. Aí apareceu o Renato Pereira, meu atual treinador, irmão da ex-tenista profissional Teliana, e me falou: “Quero tirar o teu melhor! Explorar o teu melhor potencial dentro da tua personalidade.”. Isso pra mim foi muito interessante e legal de ver o quão orgânico ele pensava, mas ao mesmo tempo simples, porém muito moderno e detalhista. A partir daí a gente começou a trabalhar diversos aspectos.
O meu jogo se tornou mais simples e ao mesmo tempo agressivo. Acho inclusive que eu tinha perdido um pouco disso. Agressivo no sentido de quem não espera cair no colo, tem coragem! Acho que durante muito tempo essa característica ficou anulada. E acredito que agora eu estou conseguindo encontrar o meu melhor tênis.
Eu vejo que hoje a gente tem uma leitura muito melhor de quem é a Gabriela dentro da quadra e a Gabriela é totalmente instinto. Ela com certeza faz com que a coragem transpareça muito mais facilmente usando esse recurso.
Me sinto num nível tenístico muito bom. Não me sentia assim antes na minha carreira.
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Os confrontos entre as seleções do Grupo I (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guatemala, México e Paraguai) da Copa do Mundo do Tênis feminino, acontecerão entre os dias 13 e 16 de abril em Salinas, no Equador, e a INNI está na torcida pelo Time Brasil BRB! Fique ligado porque com certeza nossas tenistas darão um show!